segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Fisiologia do Exercicio Criança e o Adolescente

MATURAÇÃO SEXUAL
• Meninos: nenhuma modificação .
Maturadores precoces são requisitados para esportes de força
• Meninas: atraso na menarca  ( 1- 2 anos) * cuidados com a amenorréia secundária: atraso de 2 a 3 ciclos menstruais.



STRESS DO CALOR
• Sudorese diminuída
• Criam mais calor por área corporal
• Aclimatação mais lenta em ambientes quentes 

HIDRATAÇÃO
• Perda de 2 – 3 % do peso corporal
• Ingerir líquidos a cada 15 – 20 minutos
• Ingerir bebidas hidroeletrolíticas com concentração de HC (6-8% ) e osmolaridade adequadas ( sport drinks), após 60 minutos de exercício.


RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS

1. Estimular a participação das crianças em esportes, de acordo com suas habilidades, com enfâse em aprender os fundamentos de cada esporte.
2. Evitar a especialização precoce em um único esporte.
3. Reconhecer lesões de “ overuse” e sinais de stress físico excessivo.
4. Monitorar seriadamente crescimento, composição corporal, peso e maturação sexual.
5. Assegurar ingesta nutricional adequada, com enfâsenas calorias totais, dieta balanceada e ingesta de Fe eCa.
6. Orientar sobre os riscos de patologias pelo calor e boa hidratação .
7. Questionar o jovem sobre a escolha do esporte e seus objetivos.
8. Evitar a influência dos pais.
9. Assegurar supervisão adequada

NUTRIÇÃO

Importante possuir uma dieta balanceada com:
Ferro: transporte adequado de Otransporte adequado de O2( Hb)
metabolismo muscular aeróbico( Krebs)
Cálcio: crescimento normal do osso e prevenção de fraturas de stress
Zinco: retardo no crescimento e queda de cabelos.
entre outros.

RISCOS DO TREINAMENTO INTENSO

CRESCIMENTO X ESTATURA FINAL

Aporte calórico inadequado + Treinamento intenso = Restrição do crescimento e maturação retardada Interromper treinamento =  ocorre “ catch-up growth” estatura final não é afetada
Maturação longamente retardada = diminuição da altura final

Síndrome do overtraining

Queixas de cansaço
Excesso de lesões
Dor generalizada nas pernas
Dificuldade para acordar / insônia
Mudança no humor
Perda de apetite
Recusa em ir à aula
Queda na performance em competições

Fisiologia do Exercício na Criança e no Adolescente

BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS

5 PERGUNTAS NECESSÁRIAS


• Alguma doença do ACV na família antes dos 45 - 50 anos ?( cardiomiopatia hipertrófica, infartos)

• Alguma hospitalização por doença ?

• Uso de Medicação ?

• Algum episódio de perda de consciência enquanto praticando esportes ?( Síncope, palpitação, astenia)

• Capacidade de correr 2 km sem parar ?( Dispnéia, dor torácica)


EXAME FÍSICO E REVISÃO DE SISTEMAS


• Aferição da Pressão Arterial e Pulso

• Peso x Altura ( Gráfico de crescimento )

• Acuidade Visual

• Estágio de Tanner

• Exame dos aparelhos : cardio-pulmonar , abdominal , genito-urinário e músculo-esquelético

Psicologia Esportiva

1.Motivação
2.Manter-se ativo
3.Definição de objetivos
4.Aspectos sociais
5.Nível relativo de competição
6.Comparação com seus colegas
7.INFLUÊNCIA DOS PAIS ?


AQUISIÇÃO DE HABILIDADES ESPECÍFICAS

6-7 anos: julgamento da velocidade e: julgamento da velocidade eseguimento de objetos em movimento
7-8 anos: habilidades de equilíbrio e: habilidades de equilíbrio epostura
10-12 anos: atenção seletiva e uso de: atenção seletiva e uso deestratégias complexas da memória

Ginástica Esportes Recreativos e Competitivos

•Esportes de Habilidade - a partir de 6 anos
Andar, correr, saltar : Natação, Futebol, Capoeira, Surfe, Skate, Danças.
•Esportes de Resistência - ao se iniciar aao se iniciar a puberdade - Sem atividades anaeróbicas: Volei, basquete, handebol.

•Esportes de Velocidade - a partir dos 10, desde que a força não seja primordial: Ciclismo, Atletismo(saltos, corridas curtas).

•Esportes de Força : 12-14 anos para 14 anos para meninas e 14-16 anos para meninos.

COMPETIÇÃO

• Após 13 anos de idade
• Esporte escolhido pelo atleta
• Com supervisão

Especialização esportiva? Quando começar e a competição? Quando há “ excesso” de treinamento?
A equação não é a mesma para cada um, com respostas individuais. Balancear esportes organizados com atividades recreativas, brincadeiras recreativas, brincadeiras - “ fun play”.
Crianças não aptas para esporte?
Adequar as crianças aos esportes organizados.
Profissional de Ed. Fisica devem ter uma participação ativa: diagnosticar lesões; orientar sobre hidratação e nutrição; monitorar peso e altura.

sábado, 21 de novembro de 2009

O Treinamento Físico na Criança e no Adolescente

“ A criança não é uma miniatura do adulto,
e sua mentalidade não é só qualitativa,
mas também quantitativamente diferente da do adulto,
de modo que a criança não é só menor,
mas também diferente.”
Claparède, 1937.

A citação acima nos reporta a realidade, onde o treinamento direcionado à criança e ao adolescente, deve ser diferente do treinamento realizado pelo adulto, pois segundo Weineck (1991) isso deve-se ao fato de crianças e adolescentes, estão em desenvolvimento contínuo, sofrendo inúmeras transformações físicas, psíquicas e sociais, tendo conseqüências que influenciam nas atividades corporais, bem como na capacidade de suportar carga. O treinamento, deve ser planejado considerando-se as etapas de desenvolvimento fisiológico natural do indivíduo, que são: idade pré escolar, primeira infância escolar, primeira fase puberal ou pubersência, segunda fase puberal ou adolescência.(Weineck,1991). Nestas fases, segundo Pini & Carazzatto (1983) ocorrem alterações significativas no organismo da criança, e o exercício físico assume papel importante no desenvolvimento morfofuncional.

O treinamento específico das qualidades físicas, não deve ser oportunizado, através da redução de cargas prescritas para adultos, cada faixa etária tem suas tarefas conforme características peculiares ao seu desenvolvimento, como no caso da pubersência onde a ênfase qualitativa de movimentos e capacidades coordenativas deva ser privilegiada.(Weineck,1991)

Bar-Or apud Weineck (1991), relaciona a maior atividade física da criança com a dominância de impulsos cerebrais e pela menor percepção do esforço, que no adulto é mais evidente. Esta maior movimentação leva a uma melhor condição física, segundo Massicote (1985), evidenciada nos estudos realizados por Shephard e Levallée, onde crianças que foram submetidas a um programa especial de Educação Física, com cinco sessões de uma hora, por semana, possuíam uma capacidade de trabalho superior, do que as inscritas no programa regular de quarenta minutos, uma vez por semana.

O início deste processo evolutivo de desenvolvimento se dá, na sua grande parte dentro da escola, então o estímulo ao desenvolvimento das potencialidades e o aprimoramento orgânico do homem, é fruto da atuação efetiva de programas de Educação Física, (Marcondes apud Dinoá & de Assis, 1990), que segundo Weineck (1991), é ineficiente nos moldes adotados ( duas vezes por semana ) não suprindo a carência motora, mas pode intervir através da informação adequada das atividades de desempenho orgânico funcional, mais saudáveis.

Crianças e Adolescentes: Características Gerais de Desenvolvimento

Segundo Pini & Carazzatto (1983) a relação entre peso e a altura, do nascimento a fase adulta, se faz de forma alternada, bem como a função orgânica, assim entre as etapas de desenvolvimento encontra-se diferenças significativas, de tamanho dos órgãos e das estruturas que os comportam.

A velocidade de crescimento, se dá em etapas atingindo uma certa estabilidade na idade pré - escolar, voltando a acelerar na puberdade, isso é fator determinante para estabelecer-se parâmetros de treinamento com carga, pois não há equivalência com a fase adulta, segundo Weineck (1991), pois a alteração de metabolismo, que em crianças é de 20 - 30 % (basal) maior que nos adultos (Demeter,1981 apud Weineck,1991), é item de preocupação durante os treinamentos de carga corporal ou específica, devendo prevalecer períodos suficientes de descanso e recuperação. Estes dados levam a incerteza, na escolha da fase de início do treinamento, sem que este resulte em perturbações no desenvolvimento (Pini & Carazzatto,1983). Weineck (1991) situa como faixa de segurança e indica os estímulos submáximos de carga, utilizando mecanismos variados.

Um dos indicativos de rendimento físico, o consumo de oxigênio (VO2 máx.) e bem como a treinabilidade absoluta, crescem parabolicamente atingindo seu ápice entre 18 - 22 anos nos homens e 16 - 20 anos nas mulheres (Mellerowicz & Meller, 1979).

Alterações fisiológicas durante o exercício

Durante o exercício algumas alterações ocorrem no organismo da criança e do adolescente, estas alterações são resposta ao esforço, pois o organismo tende a adaptar-se, ocorrendo diferenças na comparação com adultos.
A capacidade aeróbia máxima, por exemplo, aumenta proporcionalmente à altura e à freqüência cardíaca. A capacidade funciona, segundo Duarte (1993), medido através do protocolo de Bruce, aumenta até 17-18 anos, tendendo a partir daí a diminuir.

O débito cardíaco, em relação ao adulto, segue a mesma projeção tendo influencia direta através da freqüência cardíaca (FC) contribuindo para seu aumento durante o exercício, isso devido ao fato de que o volume sistólico atinge seu valor máximo antes da FC (Duarte,1993).

E o ritmo cardíaco, sofre alterações durante o exercício, sem que signifique alguma anomalia cardíaca (Duarte, 1993).

Segundo Massicotte, 1985 a FC máxima é mais elevada nas crianças do que nos adultos, sendo por volta dos 10 anos as freqüências mais altas, diminuindo gradativamente até por volta dos 25 anos (Andersen apud Massicotte,1985). As variações individuais, bem como o esforço influencia diretamente na FC máxima.

Conforme estudos de Duarte, a pressão arterial aumenta devido ao aumento da PA sistólica, e a variação da PA diastólica é mínima, tendo reduções consideráveis em adolescentes homens.

Etapas do desenvolvimento fisiológico e o treinamento

O treinamento direcionado à criança e ao adolescente deve privilegiar interesses relacionados a cada faixa etária do desenvolvimento fisiológico, respeitando as peculiaridades inerentes a cada fase.(Weineck, 1991)
Na idade pré - escolar (3-7 anos), segundo Pini e Carazzatto (1983) a criança deve participar de atividades naturais como andar, saltar, correr, estando habilitado para realização de uma diversa gama de exercícios elementares, pois encontra-se com disposição e maturação suficientes.(Weineck, 1991).

Já na 1ª infância escolar (6/7-10 anos), Weineck (1991), com a altura e peso aumentando paralelamente, as crianças apresentam boas condições corporais, sendo esta fase propícia para aprendizagem de novas habilidades motoras, que devem ser repetidas até sua assimilação.(Demeter apud Weineck, 1991)

A pubersência é considerada, a fase da desproporcionalidade, que segundo Weineck,1991 é gerado pelo aumento de testosterona (nos meninos) e de outros hormÔnios, causando um aumento de massa muscular, atingindo diretamente a capacidade coordenativa. Nesta fase o treinamento deve conter estímulos prazerosos, pois com esta série de modificações ocorrendo ao mesmo tempo (bio - psico - sociais) o jovem tende a desmotivar-se com facilidade. (Weineck,1991)

Alcançando a adolescência, o jovem tem um aumento de força e uma melhoria nas ações coordenativas, bem como do aparelho locomotor, Weineck salienta, que aumenta cosideravelmente, a capacidade de suportar carga, e a condição geral de assimilar intensa carga corporal-esportiva, sendo o momento propício para o treinamento de técnicas específicas das modalidades esportivas.

Se faz necessário o entendimento desta fase de transição (6-7-10 / 11-14 /15 - 20), pois é a fase onde ocorrem as alterações funcionais da idade infantil, até chegarmos a maturação e assim a idade adulta.(Pini & Carazzatto, 1983).

O treinamento das valências físicas na criança e adolescente

Resistência
A criança e o adolescente, se adaptam com facilidade aos diversos tipos de treinamento, principalmente aos aeróbicos (Weineck,1991).

Robinson citado por Massicote (1985), foi um dos pioneiros nos estudos fisiológicos através do teste de esforço em crianças e adolescentes, onde encontrou diferenças na adaptação realizadas pela criança/adolescente e o adulto. Massicote (1985), ainda ressalta, que testes executados em bicicleta ergométrica, mostram que peso, altura e sexo interferem pouco no rendimento mecânico pois os resultados foram equivalentes ao dos adultos. Já Duarte (1993), considera o aumento da capacidade aeróbica, relativa ao crescimento (altura) e freqüência cardíaca, tornando-se medida clássica de aptidão física, este aspecto foi constatado em estudos realizados por Godfrey (1972), citados por Massicote (1985), onde crianças de 5-16 anos tem VO2 diferenciados, aos 5 anos é de aproximadamente 1 litro/min. E por volta dos 16 ultrapassa os 3 litros/min, em todos os testes e grupos etários os meninos apresentam valores mais elevados do que as meninas, isso devido ao aumento de massa muscular evidenciado nos meninos, eqüivalendo no final da puberdade ao resultado de um adulto jovem (Duarte,1993). Meller & Mellerzowick (1979) consideram o aumento de VO2 máx. relativo ao crescimento, e alcançando seu nível máximo aproximadamente aos 22 anos de idade.

Massicote (1985) cita os estudos feitos por Macek (1977) Cassel & Morse (1962), que detectaram a utilização de energia proveniente do metabolismo aeróbico durante o exercício, antes em crianças, do que nos adultos, atingindo índices aproximados por volta dos 17 anos.

A resistência segundo Weineck (1991), deve ser introduzida como treinamento, desde a idade pré-escolar, principalmente quando este treinamento for baseado na resistência aeróbica, com índices submáximos e de maneira contínua, não excedendo o limite fisiológico da criança, e considerando as distâncias não deve ultrapassar 500-600 m., nesta faixa etária. Aliado a isto Weineck (1991) indica a pubescência e a adolescência como fases de início do treinamento específico, com índices máximos, pois o contexto do desenvolvimento muscular cardíaco e do aparelho respiratório atinge níveis altamente treináveis , e uma maior capacidade de suportar carga, e o planejamento deve privilegiar a resistência aeróbica e resistência anaeróbica aláctica (intervalado), que se sobrepõe ao treinamento de repetição, com distâncias que utilizem energia através do consumo de glicólise aeróbica. Estudos realizados em Moscou, com atletas adolescentes corredores (800m,1500m e 3000m) , na faixa etária de 14-15 anos, demonstrou um aprimoramento sistemático quando utilizado como treinamento a base aeróbica, misto (aeróbica-aneróbica) e anaeróbica, alternando diferentes tipos de corrida (Bondarchuk,1987). Uma amostragem feita com universitário, em Campinas levou os pesquisadores a concluírem, existem variáveis que influenciam no rendimento como hora do dia, e dia da semana em que o trabalho está sendo realizado, considerando uma rotina normal de aula, em universitários, através do teste de Cooper (Moreira & Pellegrinotti, 1986).

A Medicina Pediátrica utiliza hoje freqüentemente o Teste de Esforço (TE) em crianças e adolescentes, sendo um aliado importantíssimo na detecção de anomalias relacionadas ao desenvolvimento sadio do coração, o teste prevê a utilização de um circloergÔmetro ou esteira, levando-se em consideração as variáveis físicas da criança, peso e altura (Duarte,1993)

Velocidade
Israel apud Weineck (1991), identifica a obtenção da velocidade máxima, em limites geneticamente estreitos, sendo indicado a velocidade de reação e a capacidade de aceleração e coordenação, como treinamento até a pubersência, utilizando estímulos variados, aumentando gradativamente o treinamento de corrida de velocidade (Weineck,1991). Isso deve-se ao fato de que neste período, idade pré - escolar / pubescência, melhoram as relações de alavanca e processos nervosos ligados a mobilidade (Koinzer,1978 apud Weineck,1991).

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Entrevista com Fisiologista do time do São Paulo - Exercícios físicos, quando começar?

Entrevista com Dr. Turíbio Leite de Barros Neto

O médico fisiologista Turíbio Leite de Barros Neto, do São Paulo Futebol Clube, é um dos profissionais mais respeitados em sua área de atuação. Nesta entrevista exclusiva , ele aborda as atividades físicas e os benefícios que delas podemos extrair.

Qual é a melhor idade para iniciar atividades físicas?

Essa pergunta na minha infância e talvez na dos leitores que estão na faixa dos quarenta anos não teria razão de ser. Trinta anos atrás não se falava na necessidade da criança fazer esporte. Naquela época, a atividade esportiva, que eu prefiro chamar de atividade física, era uma coisa absolutamente espontânea, até porque a criança tem, por natureza, uma atividade física espontânea. Antigamente, essa espontaneidade se manifestava nas brincadeiras ativas, que por serem atividades físicas completas satisfaziam plenamente as necessidades da criança.

Hoje, com os espaços diminuindo...

Sim, tanto o espaço a que a criança está restrita - às vezes dentro da casa onde mora, muitas vezes um apartamento pequeno com uma área comum que é um playground minúsculo - como a falta de espaços como os que tínhamos antigamente, árvores para subir, terrenos baldios para jogar futebol. Além disso, temos a insegurança de a criança poder sair na rua para brincar com os amigos como se fazia antigamente.

Era o contrário do que temos hoje.

Lembro que naquela época a preocupação que minha mãe tinha era que eu fizesse exercício em excesso. Hoje, temos uma situação completamente invertida, e a criança é uma vítima disso. Por isso, é necessário estimulá-la a praticar uma atividade física e isso é visto hoje, muitas vezes, como uma verdadeira obrigação do pai e do educador. Assim, a questão da idade ideal não deve ser vista de uma maneira rígida porque, apesar daquela espontaneidade talvez não ser mais possível, o que é absolutamente necessário é que a criança manifeste a sua preferência.

O que acaba acontecendo...

Não há dúvida nenhuma de que a criança sempre escolhe aquilo para o qual ela se sente mais inclinada. Em nenhuma hipótese a criança dirá "quero praticar tal esporte" e o pai ou educador consultará uma tabela ou obra de referência que dirá "não, pela sua idade isso é incompatível".

Por quê?

Porque, por intuição, ela obedece a uma regra básica que é a relação entre o desenvolvimento neuromotor e a habilidade específica para as diferentes formas de atividade física. Isso é muito mais importante que a idade cronológica. Um garoto de cinco anos pode jogar tênis? Não, porque ele ainda não tem a habilidade neuromotora para tanto. Assim, essa é uma opção de que ele não dispõe naquele momento, mas de que poderá vir a dispor mais tarde, sempre dentro desse conceito do desenvolvimento neuromotor.

Existe algum tipo de anomalia física que pode ser evitada através de exercícios e nutrição adequados?

Bem, a relação entre o exercício físico e a nutrição para um desenvolvimento saudável é uma coisa absolutamente provada, imperativa. Isto é, hoje se considera unanimemente que a orientação mais sensata para a saúde da criança é a que defende uma boa nutrição e atividades físicas regulares.

E o que isso pode evitar?

Bom, na maioria das vezes, a possibilidade da criança contar com uma dieta adequada e com atividades físicas é, sem dúvida nenhuma, um escudo de proteção para a grande maioria dos problemas que uma criança está sujeita a ter. Na verdade, isso cria um verdadeiro círculo vicioso de vida saudável, o que é talvez mais importante no sentido de se fazer um investimento para a saúde futura. O crescimento se faz de maneira saudável, apesar de que é importante lembrar que nenhum programa de exercícios faz crescer, ele simplesmente possibilita um crescimento saudável através da atividade física. Por outro lado, nenhum exercício - a não ser que se cometam exageros absurdos - inibe o crescimento.

E quanto à natação? Ela é recomendável em qualquer idade?

Sem dúvida nenhuma podemos dizer que a natação é o esporte mais completo, como, aliás, se costuma divulgar. Mas eu acho que existe um pouco de exagero quando se fala em natação para o bebê. Parece-me que hoje já se vê isso com mais reserva do que se via numa época em que se tornou uma verdadeira febre. De repente, toda mãe achava que o bebê tinha que começar a nadar, porque é bonito, e pode parecer que se está desenvolvendo precocemente alguma coisa. Mas eu acho um pouco questionável.

Por quê?

Porque se mexe com algo sobre o qual a gente não tem muita certeza quanto às conseqüências que terá. Ninguém consegue saber o que se passa na cabeça de uma criança pequenina, quando está solta no meio líquido, sem contato físico, sem contato com o que chamamos de propriocepção (capacidade de receber estímulos originados no interior do próprio organismo), que são os sentidos do tato. Na verdade, o que dá uma enorme segurança para a criança é o contato físico, e até mesmo o contato com o solo; tanto que ela se inicia engatinhando para depois andar. Então, eu acho questionável a iniciação precoce na natação, pois não vejo nenhuma necessidade nem grande benefício nela. Acho que tudo tem o seu momento e, fundamentalmente, o que temos que seguir é a própria lei da natureza, quer dizer, o ser humano, o desenvolvimento de nossa espécie. Sabemos que somos seres terrestres, que adquirimos confiança e até mesmo personalidade em função do contato com o meio terrestre.

Quais são as anomalias físicas mais comuns?

As mais comuns são aquelas geralmente associadas aos distúrbios da nutrição. O raquitismo, e eventualmente até alguns problemas pulmonares, podem ser causados pela má alimentação. O problema pulmonar também decorre da falta de estímulo adequado ao desenvolvimento da caixa torácica e da musculatura respiratória. Para ambas, o exercício físico é sem dúvida nenhuma um estímulo fundamental e absolutamente imprescindível. De um modo geral, não existe nenhuma doença que seja provocada pela falta de exercício, a não ser que consideremos "doença" um crescimento não tão saudável quanto poderia ser.

E quanto às gestantes? Qual a importância do exercício físico para elas?

Existe um aspecto muito interessante nessa questão. Histórica e culturalmente, o exercício para a gestante é visto como um benefício visando somente o parto. Isso, sem dúvida, continua sendo verdadeiro, e com certeza deverá ser cada vez mais indicado. Mas o que existe de novo a esse respeito é que já existem algumas evidências bastante interessantes dos benefícios que a criança adquire em função dos exercícios da mãe durante a gestação.

Que evidências são essas?

Crianças nascidas de mães ativas durante a gravidez, e particularmente de mães que se engajavam em programas de atividades físicas com orientação adequada, têm um índice de saúde, o famoso índice de APGAR do recém-nascido, em níveis sempre superiores às crianças filhas de mães sedentárias. Esse é um tema que, sem dúvida, vai crescer muito em termos de interesse, pois quase certamente irá comprovar que quando a mãe está se exercitando, seja pedalando, nadando, fazendo hidroginástica ou caminhando, ao mesmo tempo em que seu organismo está se beneficiando disso, a fantástica lei da natureza assegura que a criança, lá dentro do ventre materno, também estará sendo estimulada de uma maneira talvez tão ou mais importante que o próprio organismo da mãe.

E quanto aos programas de exercícios e aparelhos que vemos na TV? Até que ponto eles são confiáveis?

O problema é a maneira comercial com que se explora o exercício. Muitas vezes vemos a divulgação de produtos, equipamentos, e orientações que não são adequados para a grande maioria das pessoas. Inclusive podemos dizer sem medo de errar que existe muita propaganda enganosa nessa área, tentando fazer o indivíduo acreditar que se conseguem grandes resultados com programas que exigem um mínimo de esforço, e às vezes até aconselhando pessoas iniciantes a fazerem exercícios pesados que, se não fizerem mal à saúde, na melhor das hipóteses farão com que o indivíduo se desestimule.

Por que isso acontece? Por que as pessoas se desestimulam?

Porque ao fazer um programa inadequado a sua condição física a pessoa sofre um verdadeiro choque de agressão ao seu corpo, e ficará disso um estímulo negativo que às vezes é suficiente para ela abandonar de vez a idéia de fazer atividade física. Então a questão da orientação adequada, eventualmente de uma avaliação física antes da indicação de um programa de treinamento, em determinados casos onde isso seja absolutamente necessário, são requisitos que hoje cada vez mais se tornam importantes.

Então, a orientação médica antes de qualquer programa de exercício é absolutamente indispensável.


Sim, isso é correto


Porque o exercício é tão importante? Quer dizer, porque devo fazê-lo, o que isso me traz de benefícios?

Ele é muito importante porque o exercício hoje é uma arma terapêutica, ou seja, ele combate e previne doenças, e sem dúvida nenhuma quando falamos de hábitos saudáveis, é um dos que mais devem ser estimulados, mas, quando malfeito, pode ser uma forma de agressão. E para evitarmos isso, a orientação adequada é a melhor maneira de conseguirmos o resultado ideal.

Transformar o exercício em hábito é uma tarefa fácil?

Será uma tarefa fácil se orientarmos o indivíduo para que faça o exercício que ele gosta de fazer. Não faça exercício como quem toma um remédio amargo ou uma vacina para alguma coisa, isto é, obtenha bem-estar e prazer ao fazer exercício, porque aí você terá inclusive uma alteração extremamente salutar da sua química cerebral. Isso muda realmente, o indivíduo ativo é mentalmente mais saudável, a tal ponto que, hoje, uma das armas terapêuticas mais importantes para determinados distúrbios de comportamento, como ansiedade, depressão e outros, é o exercício físico, que é receitado inclusive pelo psicoterapeuta e pelo psiquiatra.



Então, podemos dizer que a antiga máxima "Mens sana in corpore sano" do poeta latino Juvenal (60-140 d.C., Sátiras, x) continua válida hoje em dia?

Sem dúvida. O corpo são significa o corpo de um indivíduo ativo. A mente sã, a melhoria de um componente diretamente associado à saúde mental do indivíduo, que por sua vez está diretamente ligado ao conceito de vida saudável e ao conceito de ser feliz. Quer dizer, para você ser mentalmente saudável e feliz é preciso ter uma vida ativa. Isso se caracteriza não só pelos benefícios físicos que obtemos levando uma vida ativa e saudável, como pelos benefícios psíquicos. Hoje, essa frase deixou de expressar um conceito abstrato e se tornou um fato científico concreto, à medida que a atividade física nos proporciona essa mente sã e esse corpo são. Concluindo, esse conceito tão antigo da mente sã em corpo são é mais atual do que nunca.

"Não faça exercício como quem toma remédio amargo ou uma vacina para alguma coisa , isto é, obtenha bem-estar e prazer ao fazer exercício"


fonte:
http://www.alobebe.com.br/site/revista/reportagem.asp?Texto=19